ENTERRAR OU ATERRAR ?

Meu ultimo trabalho apresentado foi baseado na teoria de Kevin Lynch - A IMAGEM DA CIDADE.
Lynch comenta do inicio ao final do livro sobre a Legibilidade e Imaginabilidade das cidades, ou seja, em arquitetura duas coisas precisam ser consideradas: o que é significado e o que significa. E logo, a linguística estrutural se forma nas imagens mentais sobre as cidades. O tom do livro é estritamente especulativo porem, nos ilumina a compreender não apenas a cidade como uma coisa em si, mas a cidade de modo como a percebem seus habitantes. E o post de hoje eu remeto a uma visita que fiz na praça em Porto Velho onde fica "os últimos moicanos" do período áureo da borracha junto de suas locomotivas que já foram consideradas uma das maiores obras do mundo (à época). O porto da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Existe no local uma embarcação inglesa, obviamente todo em ferro, provavelmente vindo da cidade de Glasgow na Inglaterra. Essa embarcação, em meados de Dezembro de 2010, mostrava formas nítidas da funcionalidade no transporte de borracha, tinha no través (meio) uma área arejada, totalmente aberta,com composição de prensa, onde imagino que fosse condicionado a borracha ordenadamente.
Quando Lynch fala ainda no primeiro capitulo do livro sobre um ambiente belo, aprazível com certos fragmentos agradáveis, entendo perfeitamente o que ele quis dizer em sua pesquisa.
A tal embarcação que eu comento aqui, não era a que esta abaixo aterrada sobre sua própria historia:


Não me surpreende que certas pessoas no Brasil vivam com ideia de desenvolvimento de Colonia ou Província. Certamente, a ideia de ATERRAR  ou ENTERRAR a HISTORIA  da cidade de Porto Velho, tenha vindo do poder publico de uma pessoa INCAPACITADA para exercer o papel fundamentalmente difuso do que possa significar viver em tal ambiente, sem a consciência do valor potencial do entorno harmonioso, que talvez essa pessoa INCAPACITADA só o tenha vivenciado de passagem como turista ou viajante de alguma aldeia menos prospera.
Inaceitável voltar a visitar tal lugar e encontrá-lo assim:



Nessa foto, a funcionalidade atual é: SERVIR DE ANCORA DE OUTRAS EMBARCAÇOES



Uma cidade que enterra sua historia, não tem a consciência tenue daquilo que o espaço pode significar em termos de prazer cotidiano, ou como um refugio de suas caracteristicas turística como uma extensão do significado de riqueza histórica que se pode aproveitar economicamente. E o que vi e fotografei é exatamente o extremo oposto da incapacidade de relacionar esse tesouro histórico. O que significa esse doce sentimento da terra natal quando não é apenas familiar,mas caracteristico.
Uma grande perda, reversível ainda. O que fomenta a minha esperança. Um dia. É esperar a formatura e como urbanistas, requalificar a pragmática.

Proa - frente da embarcação
Través- O meio da embarcação
Popa-Parte de trás da embarcação.
Pragmática- estuda a relação entre objetos e seus usos.