MOBILIDADE URBANA E MEDIOCRIDADE URBANA

 A cada dia, ouço rumores de meus colegas acadêmicos do sonho em ter um carro. Outro dia, estava no transito e, vi duas moças que já as conheço visualmente da faculdade. E elas estavam no ponto de ônibus, como meu carro estava próximo delas, buzinei e ofereci carona. Elas foram comigo ate a faculdade. Conversamos coisas em comum e soube que elas eram do curso de Enfermagem. Passado alguns dias, fiquei surpresa ao saber através de uma amiga que conhece uma das duas que dei carona, que me acharam “maluca” ao oferecer carona a elas, soube também que os risos foram muitos, e o que mais me comoveu foi pensar que essas pessoas não entenderam a essência do meu ato em ajudá-las. Na cabeça destas pessoas o ato social em detrimento ao pensamento em melhorar o planeta, diminuindo a quantidade de pessoas utilizando motos, carros e ônibus, onde promover um ato solidário, sabido que meu carro tinha a possibilidade de carregar mais três pessoas, gerou risos de julgamento indulgente e incivilizado. Mas não irei mudar meu comportamento em ajudar as pessoas e, na forma, promover um mundo melhor, com medo dos risos medíocres que possam gerar. Quando saio às ruas, sempre busco formas de criar soluções de mobilidade e sustentabilidade utilizando o conceito arquitetônico de urbanização. Uma urbanização que abrange todas as classes sociais. Mesmo que a massa na participe, faço sozinha e sempre aparece alguém para compartilhar. Cansei de fazer as coisas pensando em juntar um numero X de pessoas para realizar meus projetos, agora, se ninguém topa fazer eu mesma saio na rua sozinha e penso sobre o que poderia ser melhorado. A mentalidade de que cada membro da família seja possuidor de um automóvel esquenta a economia, promove a instabilidade econômica na classe C, que já aparecem como sendo sua prioridade imediata, carros e motos.
Segundo o IBGE  as classes sociais são divididas por faixa salarial:
classe A (entre R$ 6,6 mil e R$ 11 mil);
classe B (entre R$ 2,2 mil e 3,8 mil);
classe C (R$ 1,1 mil);
classe D (R$ 570) e
e classe E (R$ 300).
Esta tendência foi apontada numa pesquisa divulgada em outubro de 2010 pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) revelava que até fevereiro de 2011 cerca de 30% das pessoas da Classe C planejavam comprar um carro. Um apontamento feito pela Data Popular mostrou que o aumento do valor dos veículos e a busca por modelos mais sofisticados fazem com que a Classe C invista até 70% a mais para aquisição do automóvel. Além disso, cresceu também os gastos com seguro, manutenção e acessórios. Para se ter uma idéia a nova classe média do Sul é  a mais motorizada no país sendo que cerca de 67% das famílias têm automóvel, contra 49% das do Norte e do Centro-Oeste.
Teoricamente a Classe C  gastaria mais para alimentar um carro do que para alimentar a família e se carro foi financiado o comprometimento poderia  representar quase 70% da sua renda. Fácil fazer a conta: Imagine que a média de consumo de combustível de um carro popular seja 12 km/ litro de gasolina, sem contar com as horas paradas no trânsito.
Sem uma política de transportes públicos adequada, iremos “produzir” uma bolha  insustentável de endividamento na classe C muito  acima do razoável . O que acontece quando a inadimplência aumenta? O número de consumidores que não honraram suas dívidas aumentou 21,4% no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2010. Na comparação com fevereiro, houve um crescimento de 3,5% em março. Em relação ao mês de março de 2010, o aumento foi de 14,4%, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor. Por que disso?
Uma pessoa que circula 20 km por dia apenas para trabalhar vai percorrer  4.800 km por ano e vai desembolsar cerca de R$ 1.000,00  apenas com combustível.  O aumento das vendas de automóveis nesta classe é insustentável e trará graves implicações para economia e desenvolvimento da cidade.
Se somarmos outras despesas de um carro popular zero km, vamos ter mais ou menos os seguintes gastos por ano, sem contar custos de manutenção e aumento do combustível.
                     1.000,00 gasolina
                    1.500,00 seguro
                    2.400,00 estacionamento
                    1.200,00 IPVA
 Chegaríamos a um custo de R$ 508,00 por mês para alimentar o carro quase que um salário mínimo ( R$ 545,00) . Sem uma política  de transportes públicos adequada, iremos “produzir” uma bolha  insustentável de endividamento na classe C muito  acima do razoável . O que acontece quando a inadimplência aumenta? O número de consumidores que não honraram suas dívidas aumentou 21,4% no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2010. Na comparação com Fevereiro, houve um crescimento de 3,5% em Março. Em relação ao mês de Março de 2010, o aumento foi de 14,4%, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor. O aumento das vendas de automóveis nesta classe é insustentável e trará graves implicações para economia e desenvolvimento da cidade.
O que evitaria esta catástrofe? O aumento dos Juros ou uma política de desenvolvimento social que possibilite levar para os bairros mais afastados, trabalho, saúde e lazer, evitando grandes deslocamentos? Ou promovendo socialmente o ato mais singelo de se dar carona? Muitos podem defender a idéia de que a insegurança não permite nos aproximar do “Proximo”, o desconhecido, aquele que não tem mobilidade urbana decente. Mas tudo bem...os loucos são sempre os Outros...Como bem notou o Urbanista Jaime Lerner no seu livro: "Acupuntura Urbana": A mediocridade laboriosa, os vendedores de complexidade, os acumuladores de dados desnecessários e as pesquisas infindáveis e nao conclusivas ganham cada vez mais espaços.

Fonte: IBGE e  Data Folha, frase do Urbanista Jaime Lerner, fonte do blogueiro Virçosa cidade aberta.