CEMITÉRIO E ARQUITETURA


“...um jazigo é uma prisão, mas também um “monumentum”, isto é, um objecto que mantém viva a memória ou a recordação de um ausente... e só os monumentos são arquitectura... o resto dos edifícios são simples construções para seres efémeros, produtos técnicos ou artesanais, não “obras técnicas”, criações verdadeiras, iluminadas ou inspiradas...” Adolf Loos


Desde minha infância, admiro cemitérios, não acho que seja nossa ultima morada, não acredito quando dizem que todos vamos para lá pois, perdi amigos num acidente aereo que não pode ir para um cemitério...explicado? Tudo se faz relativo a partir do ponto de vista pessoal.
Cemitérios para mim sempre foi um lugar que eu encontrava paz, visitei diversos. Um que não me agrada é exatamente onde se encontra meu Pai, no Jardim das Palmeiras em Goiania. É um cemitério sem glamour, somente aquelas plaquinhas no chão, não tem arquitetura, transmite mais um paisagismo que um lugar que se visita para recordar a saudade.
Eu quero criar cemitérios que possamos ficar horas sentados, lembrando de coisas que passamos com quem em corpo ali parou, ter a plenitude de ler um livro, percorrendo suas ruas arborizadas, que se encontre frases positivas em cada esquina, que motive e não deprima, que tenha a beleza de um parque e o belo se encontrar.
Tratando de uma inovação radical no ponto de vista psicológico e espiritual. Que nos leve a uma consciência precisa de estar em nossa casa. Numa casa menor, com arquitetura singela e por que não,modernista? Mas que raciocina segundo métodos e processos humanos que não ocultam mistério, que nos dá a leveza, equilíbrio e serenidade semelhantes.
Um cemitério tem uma elementar sensação de expansão e acompanhada por um sentido de dor e, passando certo limite - por um horror caracteristico, enquanto que no mínimo auxilio que nos seja proporcionado - por exemplo, o jardim do cemitério, com os cantos de pássaros - nos dá prazer.
Internamente nos possibilita o prazer da paz, externamente nos afasta da possibilidade de adentra-lo, por medo e consequencias do aprendizado de infância, que se molda no medo e, inaceitaçao da morte.
Um cemitério contradiz nossos impulsos físicos: Não é humanizado.
É muito estranho comentar com colegas de arquitetura sobre o esquimatizar sobre a dor, o conceito arquitetonico que me empresto quanto da critica não saber reconhecer essa supremacia da arquitetura em reconhecer o valor espacial. Penso que a tradição da critica é pratica. Por habito mental,  nossa criatividade estão fixas na matéria tangível, é mais fácil pensar e executar, onde detém nossa vista.
A matéria da-se forma, o espaço vem por si só. O espaço é um nada -uma pura negação do que é solido - e por isso que seja ignorado. Por vezes, entra na humorizaçao das possibilidades e domina nosso espírito, logicamente o nosso fim de mudar o rumo da arte e da obra, tenta por fim, por intermédio do próprio espaço, suscitar determinado estado de espírito nos que "entram" nele.
A nossa arquitetura aprendida nas instituiçoes, nao permite extender o pensar, o imaginar-se solido. Existem risos e rotulos, a arquitetura deixa de agir em termos de superficies, de pele, e se exprime em termos de estruturas tangiveis e ossaturas. Focando sempre na lenta e gradual pressoes e das resistencias, ainda que academicas, ate a profissional. 
Sonho um dia criar, sonho poder realizar o encontro fatal, mesmo que em outras esferas espirituais (se assim o for) sentar num cemiterio, externar meus sentimentos e nada dizer, como, nao ouvir tambem. Apos, fragmentar todas as regras, invocando todas originalidade e criticamente nos esforçarmos para demonstra-la e sentir a produçao artistica menor.

Foto 1- do site Google Earth  Cemiterio de Paris
Foto 2- http://pedrodias-arquitecto.blogspot.com/2010_12_01_archive.html